sábado, 27 de outubro de 2012

ÁTRIDAS - PALAVRA DA PRODUÇÃO




Há 20 anos surgia a Trupe de Teatro e Pesquisa, desde seu início um grupo bastante heterogêneo, formado por pessoas oriundas do CEFET-MG, do Teatro Universitário e alunos da antiga FUMA (Atual Escola de Design). A somatória de pessoas e conhecimentos sempre foi o princípio construtor dos trabalhos realizados pelo grupo. A Trupe teve em sua formação muitos integrantes, mas um núcleo central participou de quase todos os trabalhos desde sua origem. Cinco deles estão também nesse novo trabalho, Yuri, Jader, Pauline, Heleno e Leo, além de integrantes que já haviam participado de outros trabalhos do grupo como Alice, Alexandre, Iolene, Marcus, Beto e Enedson; e novos colaboradores como Eder, Eugênio e Antonnione. 

Em 1996 a Trupe se aventurou na montagem de sua primeira tragédia grega, Iphigênia em Áulis, e chamou para direção do trabalho um dos maiores conhecedores de teatro clássico do Brasil, Ítalo Mudado (mentor e mestre de muitos dos integrantes da Trupe e de uma geração inteira de artistas teatrais de Belo Horizonte). Nesse ano de 2012 resolvemos nos aventurar novamente no universo Trágico dos Gregos e ao mesmo tempo fazer uma homenagem ao nosso saudoso mestre que nos deixou órfãos de seu grande conhecimento, amizade, generosidade, e eterna orientação. Alexandre Toledo, ator no espetáculo da Trupe O Poema do Concreto Armado, e que também deu aula ao lado de Ítalo Mudado no antigo Curso de Teatro Skené do Sesc-MG, se ofereceu para dirigir a montagem e dar continuidade aos recentes trabalhos de multilinguagem desenvolvidos pelo grupo. 

A escolha da história que queríamos contar não poderia ser outra: continuar aquela iniciada em Iphigênia, dando prosseguimento ao destino cronológico dos personagens Agamêmnon e Clitemnestra. E por um desejo realizado, no atual elenco os dois atores que viveram esses mesmos personagens em 1996. Mas a escolha do texto não foi tão fácil, depois de muita pesquisa optamos por utilizar uma adaptação do texto Agamemnone do poeta italiano Vittório Alfieri (inédito no Brasil) como linha condutora e cada integrante propôs fragmentos textuais, canções e imagens que gostaríamos de somar a fábula original, dando continuidade à própria natureza multifacetada do grupo. 

Mais de um ano de trabalhos realizados, entre ensaios e ideias, acreditamos que estamos prontos para apresentar ao público o novo espetáculo. Esperamos logicamente a satisfação dos espectadores, pois temos a certeza de que nos esforçamos muito para realizar mais um bom trabalho.
Trupe de Teatro e Pesquisa

ÁTRIDAS - PALAVRA DO DIRETOR




Montar um texto clássico. Meu primeiro espetáculo profissional foi uma tragédia grega: As Troianas, espetáculo de formatura do CEFAR dirigido pelo saudoso Raul Belém Machado. Quase vinte anos depois voltar ao trágico agora como diretor. O que significa dirigir uma tragédia grega nos dias de hoje? Torná-la teatro. Aliás, acerca da teatralidade, Barthes diz, entre outras coisas, se tratar do teatro menos o texto, de uma espessura de signos e de sensações que se edifica em cena a partir do argumento escrito. Tarefa difícil frente a um texto poderoso como o de Alfieri que nos serviu de guia, mais difícil ainda se compararmos com o de Ésquilo, pai de todos os autores trágicos. Revelar o teatro por trás do texto e descobrir conexões com outros sistemas signícos foi, desde o início, a tarefa a que nos propusemos, até mesmo para dar uma continuidade ao processo de pesquisa iniciado em O Poema do Concreto Armado, trabalho anterior da companhia do qual tive a felicidade de participar como ator. A direção teatral nunca é um trabalho individual, mas essencialmente coletivo, pois para ela convergem as diversas criações de atores, cenógrafo, figurinista, iluminador, dentre outros. Em Átridas fizemos quase tudo a muitas mãos. A partir do desejo inicial de montar o texto clássico fomos acrescentando outros desejos de textos, músicas e imagens. Um trabalho coletivo sim senhor ou, para seguir a onda atual, colaborativo. Fomos tecendo em conjunto o texto qual Penélope a espera de seu Ulisses (e também o desconstruindo na medida do possível teatral) e também as cenas e a pesquisa corporal e o Aikidô e o figurino figurando outros orientes e as músicas que todos queríamos cantar. E o trabalho foi tomando corpo e agora já ansiamos pela segunda parte.
Alexandre Toledo

sábado, 20 de outubro de 2012

Átridas – O Homem Morto na Banheira fica em temporada no Espaço Multiúso, de 26/10 a 4/11




Trupe de Teatro e Pesquisa inicia comemoração do aniversário de 20 anos com estreia de espetáculo no Sesc Palladium


BELO HORIZONTE (19/10/12) - A Trupe de Teatro e Pesquisa dá início às comemorações de seu 20° aniversário, estreando no Sesc Palladium o espetáculo Átridas – O Homem Morto na Banheira, que ficará em temporada no Espaço Multiúso, de 26 de outubro a 4 de novembro. A peça tem direção de Alexandre Toledo e é inspirada em textos trágicos a partir do mito grego de Agamêmnon.

O espetáculo é uma tragédia com linguagem cênica contemporânea baseada no mito grego da família dos Átridas, a partir das tragédias de Ésquilo, 485 a.C. e de Vittório Alfieri, de 1783, além de fragmentos de textos atuais e antigos. Um espetáculo que utiliza técnicas multimídia para contar o conflito familiar e os acontecimentos pós-guerra, iniciados com o retorno vitorioso do Rei Agamêmnon da guerra de Tróia. Clitemnestra, sua esposa, trama junto a seu amante, Egisto (primo de Agamêmnon), a morte do Rei.

“O homem é naturalmente trágico. Essa foi a grande inspiração para o trabalho desenvolvido no espetáculo Átridas – O Homem Morto Na Banheira. Foi a partir dessa premissa que buscamos, inicialmente, costurar referências tão diversas como Ésquilo e O’Neal, Sêneca e Yourcenar, Shakespeare e Heiner Muller, até chegarmos ao texto de Alfieri. A segunda questão enfrentada foi: como colocar esse texto em cena? Não pretendemos negá-lo, mas descortinar sua poesia e atualidade lançando mão de diversos recursos artísticos: palavra, música e vídeo. Toda obra teatral é uma confluência de várias linguagens”, pontua Alexandre Toledo, diretor do espetáculo.

TRUPE DE TEATRO E PESQUISA

A Trupe de Teatro e Pesquisa foi criada em 1993. Não é uma empresa e sim o nome fantasia utilizado por um grupo de artistas/criadores que, há mais de quinze anos, vem atuando em Belo Horizonte e se afirmando no meio teatral, conciliando no seu trabalho, a pesquisa, a busca por uma estética própria, o ecletismo e uma dramaturgia cênica contemporânea sem, contudo, deixar de se inserir no circuito comercial teatral. Já participou de inúmeros festivais de teatro e cultura, tanto em Minas Gerais, como em outros estados brasileiros. Nesses vinte anos de existência, a Trupe contou com a participação de muitos integrantes e diversos artistas convidados que participaram de vários trabalhos realizados. Ao todo, foram sete espetáculos, sendo que alguns ainda continuam em repertório.

FICHA TÉCNICA

Em cena: Jader Corrêa (Egisto), Pauline Braga (Clitemnestra), Yuri Simon (Agamêmnon), Alice Corrêa (Electra). Direção: Alexandre Toledo. Texto (inspiração): Vittório Alfieri. Tradução e dramaturgia: O Grupo. Preparação em canto e arranjos vocais: Leo Mendonza. Seleção Musical: O Grupo. Preparação de ator: Iolene Di Stéfano. Preparação em aikido: Eugênio Macêdo. Cenografia: Heleno Polisseni. Figurino: Jader Corrêa. Iluminação: Enedson Gomes. Programação Visual: Id3. Edição de Imagens e vídeo instalação: Antonnione Franco. Divulgação: Beto Plascides - Insight Comunicação e Cultura. Coordenação de produção: Yuri Simon. Produção: Trupe de Teatro e Pesquisa.

SERVIÇO

Evento: Espetáculo Átridas – O Homem morto na banheira, da Trupe de Teatro e Pesquisa.
Data: 26/10 a 04/11/2012 (sexta a domingo).
Local: Espaço Multiúso do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro).
Horário: Sextas e sábados às 21h. Domingos às 20h.
Classificação: 14 anos.
Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia-entrada).