terça-feira, 26 de junho de 2012

TRAGÉDIAS CONTEMPORÂNEAS V - A mulher, de 30 anos, jogou as crianças do alto de um prédio, em Moscou

Na Rússia, mãe mata os dois filhos por estar de "saco cheio" deles

Galina Ryabkova, de 30 anos, foi presa após confessar ter jogado seus dois filhos, um de quatro e outro de sete anos, da sacada do 15º andar de um prédio, porque estava de "saco cheio" das crianças. Ryabkova, cujo marido estava viajando a negócios, mora no oitavo andar, mas subiu até o 15º antes de matar os seus filhos. O homem, que preferiu não se identificar, disse que sua mulher ligou para ele, para avisar que as crianças estavam "caindo do prédio".


Após ouvir o barulho dos corpos caindo no chão, os vizinhos chamaram a polícia e correram para ver as crianças, e acabaram cruzando com a mãe no corredor. Eles a questionaram se não eram os seus filhos que estavam caídos na entrada, e ela respondeu: “São, sim, eu os joguei”, sem aparentar nenhuma emoção. Segundo o jornal inglês Daily Mail, a mãe matou as crianças porque estava de "saco cheio" delas e decidiu "se livrar dos filhos". As câmeras de segurança filmaram Ryabkova tentando sair do flat, em Moscou, instantes após o acidente. Os vizinhos não a deixaram sair do prédio até que a polícia chegasse. Ela foi levada para um hospital psiquiátrico para fazer testes, enquanto as investigações são concluídas. Fontes disseram que Galina Ryabkova já havia tentado se matar no passado.

http://noticias.r7.com/internacional/noticias/na-russia-mae-mata-os-dois-filhos-por-estar-de-saco-cheio-deles-20120626.html

segunda-feira, 11 de junho de 2012

TRAGÉDIAS CONTEMPORÂNEAS IV - Crime ocorrido em 2009

Tragédia familiar em Novo Hamburgo poderia ter sido maior: Em carta, empresária manifestou intenção de também matar a mãe

A tragédia ocorrida em Novo Hamburgo, na qual três integrantes de uma família foram mortos, poderia ter sido maior. Em uma das cartas escritas pela empresária Roselani Radaelli Picinini D'Ávila, 47 anos, autora confessa dos crimes, ela manifesta a intenção de matar a própria mãe, além do marido, da irmã e da sobrinha. Os três — Flávio Machado D'Ávila, 54, Rosângela Radaelli Picinini de Freitas, 45, e Maria Francisca de Freitas, seis — foram assassinados a facadas entre terça-feira e quarta-feira, em Novo Hamburgo. Depois, a empresária tentou se matar, mas os ferimentos não foram fatais.


Sobre a mãe, Roselani cita na missiva endereçada à cunhada: "Acredite, não estou louca, sei o que fiz e o que vou fazer ainda hoje (...) Faltará levar junto minha mãe, mas não conseguirei". Um dos investigadores da Polícia Civil disse que a empresária ainda não foi inquirida sobre esse assunto, mas isso deverá ser abordado.Em outro trecho, Roselani relata ter uma dívida de R$ 180 mil com a cunhada, e informa a maneira de quitar o valor. Ela comenta a situação da empresa: "Amo demais o Flávio para vê-lo sofrer. Sei que a fé dele era muito superior à minha, mas não sei baseado em quê, pois não temos mais volta. Devemos muito".Parte de uma das cartas é dedicada a explicar os motivos dos crimes. Sobre o marido, a empresária cita como motivação para seu assassinato "amor" e "achar injusto deixar ele com toda a carga sozinho". Quanto a Rosângela, a explicação é "porque também está infeliz". Por fim, conta sentir por Maria Francisca "muito medo do sofrimento dela no futuro".Roselani confessou ontem os crimes. Ela se recupera dos ferimentos no Hospital Municipal, em Novo Hamburgo. Autuada em flagrante por triplo homicídio, deve ser encaminhada ao presídio assim que receber alta.

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/noticia/2009/04/tragedia-familiar-em-novo-hamburgo-poderia-ter-sido-maior-2478225.html

TRÊS ANOS DEPOIS O CASO AINDA NÃO FOI JULGADO

Veículo: Jornal NH - Polícia - página 25 / Processo de Roselani está parado no Tribunal
Há três ano , a empreária Roselani Radaelli Picinini D'Ávila, 50 anos, dava início à série de assassinatos mais impressionante da história de Novo Hamburgo. Na manhã de 14 de abril de 2009, degolou o marido, Flávio D'Avila, 54, e na madrugada seguinte, com a mesma faca, tirou a vida da irmã, Rosângela Radaelli Picinini de Freitas, 45, e da sobrinha Maria Francisca Radaelli de Freitas, de apenas 6 anos. Os crimes foram cometidos de forma premeditada. A empresária jura que foi por amor. Que matou os familiares para poupá-los do sofrimento causado pelas dívidas. Ainda sob forte medicação no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), em Porto Alegre, Roselani tem futuro indefinido. O processo está parado no Tribunal de Justiça, onde erá decidido e ela vai a júri ou se fica no IPF como incapaz. Após oito meses em ser movimentada, a ação irá para uma juíza substituta, pois a desembargadora que estava com a causa, Lais Barbosa, se aposentou. A análise é sobre recurso do promotor Jo é Nilton de Souza, que quer júri e pede novos exames mentais, contra a sentença de agosto de 2010, do juiz André Costa, que determina internação.

sábado, 9 de junho de 2012

TRAGÉDIAS CONTEMPORÂNEAS III

Tragédias familiares e O mal-estar da civilização

Que Freud me perdoe, mas preciso pegar emprestado o título acima, que é perfeito para descrever a barbárie que tem se alastrado entre pessoas de todas as classes sociais. O título acima pertence a um texto, no qual ele diz que os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade. Homo homini lupus e quando as forças mentais contrárias que normalmente inibem a violência se encontram fora de ação, o homem se revela como uma besta selvagem, a quem a consideração para com sua própria espécie é algo estranho. Atrocidades foram cometidas  em diferentes épocas. A civilização tem de utilizar esforços supremos a fim de estabelecer limites para os instintos agressivos do homem e manter suas manifestações sob o controle. Espera-se impedir os excessos mais grosseiros da violência brutal por si mesma, supondo-se o direito de usar a violência contra os criminosos; no entanto, a lei não é capaz de deitar a mão sobre as manifestações mais cautelosas e refinadas da agressividade humana.

O parágrafo acima expressa a preocupação de Sigmund Freud, na época da Grande Depressão. Hoje, passados quase cem anos, o esforço para conter a agressividade não só não se efetivou como também se robusteceu. Notícias sobre massacres, não de grupos terroristas contra um grupo específico ou qualquer grupo, não de um exército contra outro, mas de pessoas comuns contra seus colegas, contra crianças, contra vizinhos ou, pior ainda, contra seus descendentes, ascendentes, maridos e esposas, tem se tornado dolorosamente rotineiros.


Novo Hamburgo se destacou na mídia nacional, não na geração de empregos ou na educação, mas pela tragédia que se abateu sobre as famílias das pessoas que a empresária assassinou. O marido, a irmã e a sobrinha morreram, conforme suas palavras, escritas numa longa carta, porque não queria vê-los sofrer, pois amava-os demais. Provavelmente, ela odiava o fato de eles poderem ser felizes sem aquilo que ela considerava essencial: o dinheiro. O ter reinando sobre o ser. As pessoas sobrevivem nas condições mais adversas, pela simples razão de que na grande maioria, o instinto de sobrevivência é mais forte do que de morte. Ela não era e não é feliz e provavelmente jamais será. Seus valores são deturpados. Sua realidade é distorcida. Sua mente está fraturada. Sua alma, desconectada.
As tragédias familiares se multiplicam, um professor universitário matou o filho em São Paulo. E Novo Hamburgo, mais uma vez e passados apenas poucos dias, mais uma vez é palco de um crime, replica do anterior, no qual também um pai atira no filho e em si, tornando-se mais um número nas estátisticas das tragédias familiares. Resta o sofrimento para os familiares, que tentarão entender os motivos do ato e terão que conviver com a culpa de não ter percebido os indícios ocultos, como se isso fosse possível.
Tragédias familiares são parte da história da humanidade. O Próprio Freud utilizou-as para desenvolver suas teorias, haja visto que o Complexo de Édipo, pega emprestado o nome de uma tragédia grega, apresentada pela primeira vez em 430 d.C. em Atenas. Isso porém não diminui a urgência de se buscar alternativas que possam contribuir para reduzir esses eventos fatídicos. Parte da sociedade está em um processo de conscientização, de adoção de valores éticos, de cuidados com o meio ambiente, de respeito aos direitos humanos, enquanto outra parcela parece estar despencando num abismo no qual a vida humana não tem valor. A dor, a infelicidade, a ausência da espiritualidade afetam uma grande parcela, outra é refém das drogas, das falta de escrúpulos, de valores, da intolerância.
A humanidade combate a desumanidade, mas essa última parece se alastrar como uma pandemia. A herança que deixaremos para as gerações futuras será uma dívida impagável. Precisamos aprender e ensinar o respeito à diversidade, a reforçar valores éticos, a despir-nos de preconceitos e a sorrir, pois um sorriso destrói a tristeza e abre caminho para a luz.

Sora Ângela - Graduada em Ciências Sociais,  professora em escola pública. 
http://amaieski.wordpress.com/2009/04/26/o-mal-estar-da-civilizacao/ 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

TRAGÉDIAS CONTEMPORÂNEAS II

Filhos que matam pais. Netos que assassinam avós. Tios que tiram a vida de sobrinhos. Pais que matam filhos. Realmente, soam atuais as palavras do mais famoso príncipe da Dinamarca quando se referiu ao estado das coisas em seu reino. São tragédias que muito se assemelham àquelas da ficção, as quais penso ter, por pano de fundo, salvo casos patológicos, o problema da desagregação familiar que parece ter se hospedado nos lares, despejado os valores da fraternidade e da alteridade, tomado o coração dos homens e proporcionado, sem prejuízo de outras causas, o incremento nos índices de violência.
Certa feita, Sêneca disse, a respeito dos gladiadores romanos, que eles eram entregues às feras logo de manhã e, no meio do dia, eram jogados ao público. Pois bem, hoje, em termos de exposição à violência das ruas, a regra, infelizmente, é essa: pela manhã, são os pais (que se dirigem ao local de trabalho); ao meio-dia, são seus filhos (que vão ou retornam da escola).


Penso que vários são os fatores desencadeadores da violência que nos cerca. O materialismo exacerbado que leva a pessoa a fazer tudo para satisfazer seus desejos, ainda que tenha que exterminar seu semelhante por causa de uma ninharia. A omissão da sociedade civil, que cobra do Estado uma relação paternalista, vinculação esta já sepultada pela História. A dificuldade do Poder Executivo em implementar ações sociais afirmativas, sem se esquecer das repressivas, que fazem a linha de frente contra os delinqüentes, tais como o policiamento comunitário e a efetivação da ótima Lei de Execução Penal.
Ainda saliento a postura do Poder Legislativo na criação de leis penais lenientes, que vão na contramão da onda de violência que afoga os cidadãos, que fazem lembrar a feliz constatação de Roberto Campos, de que o problema brasileiro não é de inflação legislativa, mas de diarréia normativa. A morosidade do Poder Judiciário é patente, sobretudo no julgamento dos processos criminais, transmitindo a sensação de impunidade para o cidadão, o que é provocado pelo enorme número de feitos sob a responsabilidade dos juízes e por leis penais e processuais penais anacrônicas. Enfim, alguns setores minoritários da imprensa falada e escrita também procuram chamar a atenção dos leitores com manchetes sensacionalistas que envolvam o tema em foco.
As soluções possíveis têm sido apontadas diariamente pela mídia com maiores ou menores variações e, no geral, consistem na tomada de atitudes que evitem as críticas aqui feitas e repetidas aos quatro ventos. Todavia, noto que, dentre as respeitáveis sugestões, não recebem a devida atenção aquelas reforçam o vínculo familiar sob qualquer ângulo, como, por exemplo, por intermédio de medidas legislativas ou ações afirmativas.
A família é a célula básica de uma sociedade. O vigor de todo o tecido social está umbilicalmente ligado a cada uma dessas células. Os problemas sociais, inclusive o da violência, são causados por pessoas, as quais nasceram em uma família e nela se amadureceram ou se envileceram; aprenderam a noção de amor ou de ódio ao semelhante; souberam viver a fraternidade ou conviveram sob a “Lei de Gérson”; foram preparadas para enfrentar as dificuldades da vida ou sofrem ante o menor contratempo; enfim, a família é a fonte emergente dos valores do homem e se ela adoece, a sociedade sucumbe. Vale a pena nela investir.
Por fim, enquanto houver homens, haverá desventuras, dada a falibilidade de nossa natureza. Não sejamos utópicos. Mas tal fato não nos isenta de empenhar todo o esforço possível para combater todo tipo de violência, certos de que, nesta árdua jornada, a esperança nos protegerá do desânimo, fornecerá alento diante de qualquer esmorecimento e dilatará nosso coração na perseverança.
Assim, tragédias gregas, tais como a de Faetonte, que caiu do carro do sol, após ter sido alvejado por um raio lançado por Júpiter, depois de ter consultado o pai daquele jovem, não mais ultrapassarão os limites dos livros de mitologia e nem ganharão versões contemporâneas.

André Gonçalves Fernandes - Juiz de Direito da 2ª Vara Cível e de Família da Comarca de Sumaré/SP. Bacharel e Mestre em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1996 e 1999. Atua como magistrado desde 1997. Articulista do Correio Popular de Campinas e da Escola Paulista da Magistratura desde 2002.
http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo597.shtml